terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Capitalismo? Não, mercados!



A primeira vista parece um tanto estranho ler este título, certo? Na verdade não. E quem explica isso é o acadêmico anarco-individualista Gary Chartier. Libertário de formação e defensor do Mutualismo, o professor Gary Chartier nos brinda com uma entrevista dada à revista libertária americana Reason sobre a suposta contradição do termo.
A entrevista nada mais é que um pitada do que vem a ser o livro "Markets, Not Capitalism: individualist anarchism against bosses, inequality, corporate power, and structural power" (Capitalism não, mercados: o anarquismo individualista contra patrões, desigualdade, poder corporativo e poder estrutural - tradução livre). Markets... é um livro contendo ensaios de grandes nomes do mutualismo/ anarco-individualismo do passado como Benjamin Tucker, Joseph Pierre-Proudhon e Voltairine de Clayre, como os atuais Roderick Long, Kevin Carson e Sheldon Richman. Ensaios estes organizados tanto pelo próprio Gary Chartier quanto por Charles W. Johnson.

A entrevista ilustra um pouco do que é o pensamento econômico libertário individualista de esquerda. Serve como um chamariz para o interessante livro. Ficou com água na boa? Então assista a entrevista abaixo. Quer se aprofundar mais? Então baixe e leia o livro "Markets Not Capitalism" clicando aqui. E assim, conheça um pouco do mundo desses libertários.



Tradução do vídeo por Portal Libertarianismo.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Em Redor do Proudhonismo: Economia de Mercado, Trocas, Mutualismo

Por Francisco Trindade

Proudhon critica por um lado o capitalismo, por outra parte o estatismo.
Dum lado, é o triunfo do“direito ao lucro”, a apropriação privada da mais valia que resulta do desvio entre o que produz a convergência das forças e o que produz a simples adição das mesmas forças tomadas uma a uma: como não são pagas a não ser as forças individuais, nunca a soma dos salários é suficiente para comprar o que é o fruto do trabalho colectivo.
Há portanto por sua vez denegação da especificidade do colectivo (só se quer ver indivíduos) e açambarcamento do que resulta desta especificidade (a mais valia). São deste modo confiscados à sociedade as forças que entretanto dela emanam; a sociedade volta-se contra ela própria, e aparecem potências que, nascidas no seu seio, dela pendem.

De outro lado, o Estado aparece como “a constituição exterior da potência social” ou a “constituição externa da potência colectiva”. Pretender reorganizar a sociedade pelo Estado voltaria por conseguinte a finalizar o retorno desta contra ela própria. Encontramos na vertente política, parece, a mesma lógica fundamental que era empregue na vertente económica.
Indo um pouco mais rápido, poderíamos concluir que projectando constituir “interiormente” as potências sociais, Proudhon visa do mesmo golpe abolir toda a política. Seria parar na fase“destruidora” da obra e esquecer a sua fase “reconstruidora”.

"O mutualismo não se opõe à economia de mercado (...) Noutros termos, “economia de mercado” e “capitalismo” estão longe de ser considerados como sinônimos; explorar esta diferença constituirá sem dúvida uma questão fundamental em termos de futuro."

O mutualismo é antes de tudo a forma principal que toma em Proudhon a reconquista da sociedade por ela própria no campo econômico. Mas também é a articulação ou o dinamismo do que será a reconquista no campo político.
O mutualismo não se opõe à economia de mercado; Quer-se pelo contrário a mais transparente realização. Noutros termos, “economia de mercado” e “capitalismo” estão longe de ser considerados como sinônimos; explorar esta diferença constituirá sem dúvida uma questão fundamental em termos de futuro.

Além do estudo da formação e dos princípios econômicos de Proudhon, além da análise da sua dívida a respeito dos movimentos operários do seu tempo, além do que se refere a Proudhon à teoria e à prática do mutualismo é importante o enriquecimento de contributos relativos a concepções que, contemporâneos, ou não, podem estar bem próximas como antagónicas: a cessação do antagonismo, e por consequência a morte”, escrevia um certo autor Bisontin.


Publicado originalmente em Anovis Anophelis.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013